quinta-feira, 20 de agosto de 2015


Aprovados por Deus em Cristo Jesus – Lição 8





Dificilmente poderemos encontrar um discipulado tão abrangente e eficaz quanto o que Paulo conseguiu desenvolver na vida de Timóteo. Hoje, em grande parte das igrejas, já se dá mais valor ao discipulado. Sem dúvida, somente através de uma integração de um novo convertido no seio da igreja local, visando à consolidação de sua fé cristã, é que se pode dizer que a missão evangelizadora está sendo bem-sucedida. Os resultados de um discipulado eficaz só podem ser observados na vida dos que permanecem firmes, servindo ao Senhor com alegria e segurança espiritual. Evangelizar é a missão da Igreja. Discipular é tarefa do maior significado na igreja local.

Jesus não mandou apenas evangelizar, ou proclamar as Boas-Novas de Salvação. Mas ordenou: “Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos. Amém!” (Mt 28.19,20 - grifo nosso). O verbo ensinar, nesse texto, tem o sentido de “fazer discípulos de todas as nações”, ou de todas as etnias, especialmente, ou entre os gentios. O ensino doutrinário cristão inclui o rito do batismo em águas, que é a confirmação exterior da conversão de uma pessoa. Por isso, Jesus exortou a que seus discípulos ensinassem as nações a “guardar todas as coisas” que ele havia mandado.
Com essa visão abrangente acerca do discipulado eficaz, Paulo teve esmero no cuidado com a vida espiritual e moral de Timóteo. Ele não se contentava em ver Timóteo apenas como um mensageiro, entregador de suas cartas nas igrejas por ele fundadas. Porém, almejava, e conseguiu, ver no jovem obreiro, um verdadeiro evangelista, um ministro do evangelho (cf. 2 Tm 4.5). No trecho da carta, estudado neste capítulo, vemos que ele faz ligação com a seção anterior, estudada no capítulo antecedente, quando o apóstolo declara sua firmeza, na fé em Cristo, dizendo: “Eu sei em quem tenho crido” (2 Tm 1.12), e exorta seu discípulo a seguir o seu exemplo como obreiro e servo de Deus.

Nesta parte da carta, Paulo, o tutor espiritual de Timóteo, faz uma das mais belas exortações acerca do ministério, dizendo: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2 Tm 2.15). Paulo enviara Timóteo a uma igreja que enfrentava problemas os mais diversos, de ordem espiritual, ética e moral. Ali, em Éfeso, havia falsos mestres e falsos ensinos, que tinham o objetivo de desvirtuar a vida cristã. Os gnósticos eram divididos em dois grupos basicamente. Uns ensinavam que seria necessário o homem afastar-se das aglomerações humanas, para evitar a contaminação do pecado, e que a carne, ou o corpo, não presta para nada. Só o espírito tinha valor. Eram os ascetas. Com essa visão, surgiram os monges, e os seus monastérios.
Outros eram licenciosos e defendiam a ideia de que, se a carne não presta, deve ser destruída pela prática de atos imorais, de prostituição, de homossexualidade, bebedeiras, e de todo o tipo de depravação, abominável aos olhos de Deus. De uma forma ou de outra, os falsos mestres destilavam esses ensinos heréticos, que contaminaram muitos crentes. Por isso, Paulo enfatizava o cuidado que Timóteo deveria ter para ser um obreiro digno, íntegro, aprovado por Deus, diante da igreja e dos não cristãos. No final da seção anterior, Paulo escreveu: “Portanto, tudo sofro por amor dos escolhidos, para que também eles alcancem a salvação que está em Cristo Jesus com glória eterna. Palavra fiel é esta: que, se morrermos com ele, também com ele viveremos; se sofremos, também com ele reinaremos; se o negarmos, também ele nos negará; se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo” (2.10-13).
Para ser aprovado por Deus, o obreiro precisa suportar os sofrimentos, as oposições, os desafios e, acima de tudo, as tentações. Somente com um caráter cristão, íntegro e forjado no relacionamento pessoal com Cristo, é que um ministro do evangelho, em qualquer de suas funções, pode vencer os embates contra a carne, o mundo e o Diabo, que tudo faz para desestabilizar os servos de Deus, especialmente os que detêm posições de liderança nas igrejas locais. Mas Paulo tinha a convicção de que é possível vencer todos os adversários e todas as coisas que se opõem à vida cristã. Ele afirmou de modo categórico e firme: “Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou” (Rm 8.37).

I - A URGÊNCIA DE SE ACHAR APROVADO POR DEUS

No trecho da carta que antecede a esta seção, Paulo já havia exortado Timóteo quanto à salvação (2 Tm 2.20), quanto à necessidade da perseverança nos caminhos do Senhor, bem como com relação à apostasia de muitos que, atraídos pelos falsos ensinos, afastaram-se da verdade do evangelho de Cristo (2 Tm 2.11-13). Por isso, ele diz a Timóteo para trazer “estas coisas à memória” e para não se envolverem em “contendas de palavras, que nada aproveitam e são para perversão dos ouvintes” (2 Tm 2.14). Sem dúvida alguma, em Éfeso, os falsos mestres apreciavam provocar discussões entre os crentes, visando suscitar dúvidas quanto à sã doutrina.

1. Contendas que Pervertem

É uma das características marcantes dos hereges ou dos apóstatas julgarem-se “donos da verdade”, de terem descoberto “a última revelação” de Deus, segundo suas pesquisas e ensinos deturpados. Normalmente, esses “mestres” são presunçosos, arrogantes e até agressivos. Valem-se da lógica humana, da retórica e das argumentações aparentemente fundadas na Bíblia para impressionar os crentes incautos, que, via de regra, não gostam de estudar a Palavra de Deus. Muitos sequer leem a Bíblia, e, quando muito, o fazem no momento do culto, em que o dirigente convida para a “leitura oficial”. Depois, fecham o livro sagrado, e só o abrem “na próxima semana, no próximo culto”.
São diversos os tipos de “contendas de palavras”, que eventualmente surgem no meio cristão ou entre evangélicos e pessoas de outras denominações ou igrejas. Os salvos em Cristo não devem estar em busca de discussões com pessoas de outras igrejas. Mas, às vezes, oportunidades surgem inesperadamente, e muitos não sabem o que dizer ante argumentações que questionam a fé, em especial, a fé pentecostal.
Já vi de perto, e até participei, de discussão entre irmãos presbiterianos ou batistas acerca da doutrina da salvação. Os pentecostais, em geral, entendem que a expiação feita por Cristo na cruz do Calvário foi para todas as pessoas que o aceitam como Salvador. Os irmãos batistas e presbiterianos, em geral, entendem que somente “os eleitos” ou os “predestinados” têm esse direito. Os pentecostais usam versículos bíblicos para fundamentar sua posição. Os irmãos “calvinistas” também usam a Bíblia para embasarem seus argumentos. Enquanto a discussão é respeitosa, num exercício de afirmação da fé, ou de busca da verdade, é salutar. Mas há ocasiões, em que o confronto torna-se “contendas de palavras, que nada aproveitam e são para perversão dos ouvintes”. Entendemos que, na eternidade, encontraremos tanto “arminianos” quanto “calvinistas” que forem fiéis a Cristo, lá, no céu.
Os falsos mestres são mais numerosos hoje do que nunca. E os servos de Deus precisam estar bem preparados para saber argumentar em defesa de sua fé, firmada na sã doutrina. Quando surgirem tais “contendas de palavras”, que pervertem, e não levam a lugar nenhum, a melhor coisa é seguir o conselho de Paulo a Tito: “Mas não entres em questões loucas, genealogias e contendas e nos debates acerca da lei; porque são coisas inúteis e vãs. Ao homem herege, depois de uma e outra admoestação, evita-o, sabendo que esse tal está pervertido e peca, estando já em si mesmo condenado” (Tt 3.9-11).

2. O Obreiro Aprovado

“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2 Tm 2.15). São várias as características marcantes de um “obreiro aprovado” por Deus. No texto, Paulo apresenta duas qualificações que são fundamentais e indispensáveis para essa aprovação.

1) “Que não tem de que se envergonhar”

Era um conselho pastoral a Timóteo, e não propriamente à igreja em que ele se encontrava. Era uma exortação à integridade espiritual e moral, diante de Deus, da igreja local e diante dos homens. Referia-se ao testemunho que um obreiro cristão deve demonstrar. Jesus disse que o cristão é “sal da terra” e “luz do mundo” (Mt 5.13). Ou seja, o crente em Jesus, e especialmente o obreiro, o líder, na obra do Senhor, deve ser referência para o mundo! Em outra carta, Paulo diz que o bispo deve ser “irrepreensível” (1 Tm 3.2), de conduta ilibada, que não apresente exemplo negativo de atitude ou ação que desabone sua conduta. O obreiro fiel, além de não se envergonhar do evangelho de Cristo (Rm 1.16), “não tem de que se envergonhar” em sua conduta, em seu procedimento pessoal; não tem o que esconder ou ocultar por ser desonroso em sua vida.

2) “Maneja bem a palavra da verdade”

O verbo manejar tem o sentido de trabalho prático, de manejo, de operacionalidade. Manejar bem quer dizer saber trabalhar um instrumento com eficiência, capacidade e competência. No caso do manejo da Palavra de Deus, por parte do obreiro, remete-nos àquele servo de Deus que sabe usar a palavra no momento certo, e de forma certa. Ao falar para um doente, moribundo, o pregador, o obreiro, o que visita, precisa ter cuidado. O doente espera uma palavra de conforto, mesmo que esteja à beira da morte.
Se o pregador vai falar para pessoas não evangélicas, precisa ter muito cuidado no manejo da palavra. Evangelizar é lançar a “rede” para pescar “os peixes” do mundo para Cristo. Alguns pregam muito, mas não sabem alcançar o coração dos ouvintes, na unção do Espírito Santo e apenas emitem imprecações duras contra quem os ouve.
Além de exortar Timóteo a ser um obreiro aprovado, Paulo recomendou que ele evitasse os “falatórios profanos”, que produziriam “maior impiedade” (2 Tm 2.16). E cita os nomes de dois falsos mestres, chamados “Himeneu e Fileto”, pois, segundo ele, a palavra desses homens era tão má que haveria de roer “como gangrena” (2 Tm 2.17,18). A gangrena é uma enfermidade que destrói a carne de uma parte do corpo físico. A heresia destrói o “tecido” espiritual da igreja, causando uma espécie de “necrose” espiritual. Além disso, esses falsos mestres, que já tinham sido cristãos, “se desviaram da verdade, dizendo que a ressurreição era já feita, e perverteram a fé de alguns” (2 Tm 2.19). Essa dupla era terrível. E fizeram escola, pois, em muitas igrejas, nos dias atuais, há muitos discípulos deles.

Há muita gente se dizendo cristã, “discípulo”, “levita” e até pastores e pastoras, totalmente desviados dos caminhos do Senhor. Vimos em uma rede social duas “pastoras” lésbicas dizendo que a Bíblia que elas usam é a mesma usada pelos heterossexuais. Estão pervertendo muitas pessoas, por usarem a Palavra de Deus para justificar o que Deus abomina. São da mesma estirpe de Himeneu e Fileto. Mas Paulo diz a Timóteo: “Todavia, o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade” (2 Tm 2.19). A condenação desse tipo de “crente” será maior ainda, pois estão usando a Palavra de Deus para justificar seu estilo de vida condenado pelo Senhor.

II - DOIS TIPOS DE VASOS

O apóstolo Paulo, homem de muita erudição, poliglota e profundo conhecedor da cultura de sua pátria e de outros povos, conhecia bem os costumes de seu tempo. Ele fazia uso abundante de metáforas, ou figuras de linguagem, para melhor expressar seu pensamento fértil. Depois de exortar Timóteo a precaver-se ou afastar-se dos falsos ensinadores, Paulo usa a figura dos utensílios que existem numa casa, normalmente, em residência de pessoas ricas ou abastadas. E indica dois tipos de “vasos”. “Ora, numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra” (2 Tm 2.20). “Grande casa” era o tipo de residência de homens ricos.

1. Vasos de Honra e Desonra

Paulo se referia ao uso de “vasos de ouro e de prata”, que eram usados pelos donos da “grande casa”, em ocasiões especiais, quando havia convidados de honra, como o texto sugere, diferentes em sua natureza dos vasos “de pau e de barro”, que tinham menos valor. Há intérpretes das Escrituras que diferem em suas explicações sobre esses dois tipos de vaso, e sua aplicação à Igreja do Senhor Jesus, mais particularmente, na igreja local. Quem seriam os vasos “para honra”, ou vasos de honra? Pensamos que é razoável entender que, na “grande casa”, figura da Casa do Senhor, há vasos de honra, que são os crentes fiéis, santos, os quais são usados por Deus para honra e glória do seu nome.
Os vasos “de pau e de barro” têm menos valor que os vasos de metais preciosos, acima referidos. Tanto os vasos mais caros (de ouro e de prata) como os menos valiosos, de pau e de barro, em princípio, têm utilidade numa casa. Mas, ao que tudo indica, Paulo queria advertir a Timóteo da existência dos falsos mestres, comparados a “vasos para desonra”, e os verdadeiros mestres, que seriam vasos “para honra”. Entendemos que a figura pode aplicar-se não só aos líderes, ou mestres no ensino da Palavra. Ela pode ser aplicada aos membros do Corpo de Cristo, ou à Igreja, em sua amplitude. Os crentes fiéis, comprometidos com o Senhor Jesus, são “vasos de honra”, enquanto os vasos “para desonra” são os crentes infiéis, que causam problemas e escândalos na Casa do Senhor.
Há comentaristas que evitam a comparação dessa metáfora com a parábola do trigo e do joio, na qual Jesus explica que o “trigo” são os crentes salvos, verdadeiros, sinceros, os “filhos do reino”, que são colhidos para o celeiro de Deus; e que o “joio” são os falsos crentes, os “filhos do maligno”, que têm aparência de cristãos, mas são falsos, e serão lançados no fogo, no Juízo Final (ver Mt 13.24-30 e Mt 13.36- 43). Porém, a analogia é válida, a nosso ver, pois demonstra a natureza dos que são fiéis e dos que são infiéis na casa de Deus.

2. Desejos Ilícitos da Mocidade

No texto, o apóstolo insere uma advertência para a vida pessoal de Timóteo. Paulo sabia que Timóteo poderia ser alvo dos ataques perniciosos na área das tentações carnais. Ele não estava imune ao assédio do Maligno, por meio dos convites e insinuações perigosas perpetradas pelos agentes do Diabo contra os jovens cristãos. Sendo solteiro, Timóteo certamente era visado por mensageiros e mensageiras do Diabo para a prática do sexo ilícito. “Foge, também, dos desejos da mocidade; e segue a justiça, a fé, a caridade e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor” (2 Tm 2.22). Gordon Fee não entende dessa forma. Acha que “os desejos da mocidade”, dos quais Timóteo deveria fugir, seriam as “paixões voluntariosas da mocidade, que às vezes ama as novidades, as discussões insensatas e as ‘contendas de palavras’ que com frequência levam a brigas”.1 No nosso entender,
Paulo se refere aos “desejos” ilícitos da mocidade, principalmente na área da sexualidade.
Essa solene exortação de Paulo é de grande valor e oportunidade, nos dias presentes. A juventude cristã está sendo prejudicada de forma muito acentuada no que concerne à pureza de pensamentos e na área do sexo. A filosofia liberalista e o relativismo têm causado grande estrago no meio dos jovens evangélicos. As redes sociais, os sites de relacionamento e de entretenimento oferecem espaço livre para a interação sexual virtual e pornográfica. Muitos jovens (e adultos) têm sido laçados pelas redes da fornicação, adultério e prostituição virtual. Há uns quinze anos, pesquisas indicavam que 50% dos jovens evangélicos praticavam o sexo antes do casamento. Hoje, as pesquisas dão conta de que esse percentual tem aumentado significativamente. A organização Christian Mingle, dos Estados Unidos, constatou que 63% dos solteiros praticam sexo antes do casamento.2 No Brasil, há pesquisas não oficiais que indicam que esse índice alcança 57% dos jovens evangélicos. Talvez seja muito mais.
Mesmo que esses índices possam sofrer ajustes, indicam que grande parte da juventude evangélica não valoriza a virgindade, como indicador de pureza moral. E isso é preocupante, pois, ainda que não haja um versículo bíblico explicitamente dizendo que não se deve fazer sexo antes do casamento, há inúmeras referências bíblicas que indicam que o sexo antes do casamento é fornicação. Paulo mesmo tem escritos nesse sentido. (Ler 1 Tm 1.10; 1 Co 5.1; Ap 21.8) O casamento é uma aliança entre um homem e uma mulher que decidem unir-se pelos laços do matrimônio. E instituição divina, criada por Deus, no princípio de todas as coisas, ao criar o homem. Deus não uniu dois adolescentes, ou dois jovens, mas um casal, com todas as potencialidades mentais e físicas para o relacionamento conjugal, visando formar uma família e perpetuar a espécie humana.

Mais grave ainda é o envolvimento de jovens cristãos, rapazes e moças, com a homossexualidade. Tem aumentado, e muito, o número de homossexuais nas igrejas evangélicas. A falta de ensino sobre o assunto, com fundamento seguro na doutrina bíblica; o relacionamento de jovens com homossexuais; o relativismo social, que considera a prática homossexual algo “normal” e até “desejável”, “a forma mais pura de amor”, no dizer de alguns ativistas; a influência perniciosa das novelas, dos seriados, dos filmes e de outros programas na televisão, constituem poderoso estímulo satânico à prática homossexual. Há igrejas de homossexuais, em que “pastores” e “pastoras” usam a Bíblia para justificar o que Deus abomina. E muitos jovens e adolescentes já caíram nas mãos do Diabo. E por demais necessário o ensino fundamentado na Palavra de Deus sobre a condenação explícita e cristalina contra o homossexualismo. No Antigo Testamento, Deus o denominou “abominação ao Senhor” (Lv 18.22; 20.13); No Novo Testamento, Paulo considera “paixões infames”, ato “contrário à natureza”, “torpezas” (ver Rm 1.24-27).

A união conjugal é de tamanha significância que é comparada à união entre Cristo e a Igreja. E deve ser resultado de um namoro e noivado segundo os padrões espirituais e morais, emanados da Palavra de Deus. O marido deve amar sua esposa, “como também Cristo amou a igreja e se entregou por ela” (Ef 5.25); a esposa deve ser submissa ao esposo “assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seu marido” (Ef 5.24). Desse modo, não faz sentido um jovem unir-se a uma jovem sem se casarem, pois o namoro e o noivado não se revestem da responsabilidade que um deve ter para com o outro. E um relacionamento que pode ser temporário. Mas o casamento é uma relação séria e com propósitos bem definidos pelo Criador. Assim, a inserção de Paulo desse conselho a Timóteo tem grande valor para os dias atuais, contribuindo para a conscientização de nossos jovens acerca do valor da pureza e da santidade no namoro e no noivado, visando a um casamento aprovado por Deus.

3. Com quem o Jovem Deve Andar

Paulo escreveu a Timóteo: “[...] e segue a justiça, a fé, a caridade e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor” (2 Tm 2.22). De um lado, o jovem obreiro deveria fugir dos desejos ilícitos da mocidade, mas deveria, também, saber com quem acompanhar-se para servir a Deus com pureza e santidade. Ele deveria seguir a “justiça, a fé, a caridade e a paz, com os que, com um coração puro, invocam ao Senhor”. Já na primeira carta, Paulo dera exortação idêntica a Timóteo, acrescida de outros termos de grande valor: “Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas e segue a justiça, a piedade, a fé, a caridade, a paciência, a mansidão” (1 Tm 6.11). A repetição de tal recomendação reflete o cuidado e a preocupação de Paulo com a integridade espiritual do jovem obreiro. O salmista também tinha essa visão acerca de que companheiros um servo de Deus deve buscar: “Companheiro sou de todos os que te temem e dos que guardam os teus preceitos” (SI 119.63). Certamente, as amizades ruins, mesmo na igreja local, têm sido motivo de desvio e morte espiritual para muitos crentes, em especial jovens e adolescentes.

III - PERSEVERANÇA NA PALAVRA E TRATO COM DISSENSÕES

1. Rejeitando “Questões Loucas”

Após ensinar sobre o que Timóteo deveria cultivar e obedecer, e também rejeitar, Paulo acrescenta que ele deve rejeitar questionamentos que não produzem nem agregam valor espiritual, moral ou cultural, que valorize o conhecimento e a vida cristã. “E rejeita as questões loucas e sem instrução, sabendo que produzem contendas” (2 Tm
2.23). Eram as questões e proposições levantadas pelos falsos mestres ou hereges, que assediavam os irmãos na igreja de Éfeso. Os hereges, julgando-se “doutores da lei”, não entendiam o que diziam ou afirmavam. Mas produziam enormes contendas, lançando uns contra outros, provocando desunião e intrigas entre os próprios crentes.

2. O Servo do Senhor não Deve Contender

No contexto das epístolas pastorais, via de regra, a expressão “servo do Senhor” é mais aplicada aos ministros da Palavra, ou aos líderes das igrejas, principalmente aos que se dedicam ao ensino. Não raro, nas igrejas, aparecem irmãos, que possuem cursos de Teologia, ou de outras áreas acadêmicas, os quais levantam argumentos pessoais contra doutrinas já consagradas ou estabelecidas ao longo dos anos nas igrejas cristãs. Nada temos contra esses cursos, pois, pela graça de Deus, possuímos alguns deles, que muito têm enriquecido nosso ministério de ensino. Mas referimo-nos a ensinadores presunçosos, que procuram angariar simpatia de grupos de crentes para si, a fim de formarem uma facção dissidente no meio dos irmãos. Quanto confrontados pela liderança local, tornam-se opositores velados ou declarados, e, muitas vezes, conseguem fazer dissensões ou divisões. Tais “doutores” andam na contramão do Salmo 133, que diz que é “bom” e “suave”, “que os irmãos vivam em união”. Discordar de algo que merece reparos é natural, mas provocar dissensão e contenda não é coerente com o amor cristão.
Diante dos fatos que conhecia, Paulo exorta a Timóteo a evitar tais contendas e litígios, envolvendo a doutrina, e as provocações dos contendores que surgem no meio da igreja local: “E ao servo do Senhor não convém contender, mas, sim, ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor” (2 Tm 2.24). Conselho sábio, de um pastor experiente, culto e bem firmado na sã doutrina cristã, a um jovem obreiro, que ainda teria muito o que aprender, ao longo dos anos de seu ministério.
Paulo diz que “não convém contender, mas, sim, ser manso para com todos”. Há casos, reconhecemos, em que a liderança da igreja comporta-se à altura das situações de litígio, usa de mansidão, de compreensão e bondade, mas os opositores querem mesmo é fazer a divisão, abrir uma igreja, criar um ministério dissidente, e tornarem-se “pastores-presidentes”. Nesse caso, é melhor deixar com Deus, que a tudo julga e a todos avalia com sua reta justiça. O líder cristão nunca deve fazer “o jogo” dos dissidentes. Diz provérbios: “A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira” (Pv 15.1).

3. Instruindo com Mansidão

Completando seu ensino quanto aos que se levantam contra a liderança da igreja, por diversas razões, Paulo diz a Timóteo como deve o líder se comportar. Não precisa contender, atendendo às provocações dos falsos mestres ou dos dissidentes, os quais agem por ação maligna para causar descontentamento, inquietação e desunião no meio dos irmãos: “instruindo com mansidão os que resistem, a ver se, porventura, Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade e tornarem a despertar, desprendendo-se dos laços do diabo, em cuja vontade estão presos” (2 Tm 2.25,26). O obreiro precisa saber administrar esse tipo de conflitos com opositores.

CONCLUSÃO

A liderança cristã é um desafio de grandes proporções. A igreja, mesmo no sentido local, não é uma empresa, que se rege por leis e regras formais, embasadas nos princípios jurídicos. A igreja local precisa de normas, no sentido da administração eclesiástica, mas sua Lei Maior é a Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada. Na administração das igrejas, por vezes, surgem conflitos de ordem espiritual, doutrinária ou humana. Daí por que há necessidade de preparo e capacitação de líderes, que saibam não só ministrar o ensino, mas, com o uso adequado dos princípios bíblicos, resolver questões diversas que podem desestabilizar o ministério e a própria liderança. Mas Paulo, em suas cartas a Timóteo, nos dá preciosos ensinamentos sobre como tratar os conflitos nas igrejas.


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